domingo, 16 de novembro de 2008

Ensaio filosófico-analítico sobre a condição social, sociológica, psicológica e desportiva de Paulo Bento e considerações afins

Como alguns terão entretanto percebido, o nome do presente lugarejo está associado à rigidez de espírito do rapaz de cabelo esquisito. Não obstante, alguns méritos lhe reconhecemos: a lucidez, por exemplo. Depois de ver durante dezenas de jogos que a sua equipa tem uma qualidade de futebol só digna de uma Liga dos Últimos - uma que não fira susceptibilidades, está claro - até ele percebeu que não há mais volta a dar. Não há unhas para a guitarra. Que é boa. É uma Fender – ou quase. E é precisamente por a guitarra ser quase uma Fender que este ano ir à Liga dos Campeões já é capaz de não chegar para a massa adepta do Sporting, que é na sua maioria rapaziada informada e só vagamente extremista – não estamos a falar de labregos encarnados ou de tripas da ribeira, por exemplo.

Reparem que o presidente que sofre de gigantismo considera o seu clube tão grande que se vangloria de, ano após ano, ganhar troféus – demagogias à parte, a Taça de Portugal é uma competição menor (se a final até é disputada no inenarrável Jamor) – e de garantir a Liga dos Campeões. Vai daí e o Bento anunciou, sem papas na língua, que no final da época acaba um ciclo. O que está correcto. E que é, em particular, uma excelente notícia para as pessoas que gostam do Sporting e para as pessoas que gostam de futebol, em geral.

A verdade é que o Paulo e a sua boa vontade são louváveis mas são curtos. No essencial, um treinador deve perceber de futebol. Fosse eu dirigente (aceito opiniões divergentes) e condição sine qua non para contratar um treinador seria, inevitavelmente, perceber de bola. Já ter tocado na chincha, eventualmente, mas ainda mais importante, não ser alheio ao fenómeno de que no futebol se marcam golos e para isso, se colocam a jogar os melhores jogadores, de preferência numa disposição (táctica, diz quem sabe) que proporcione esse tipo de acontecimentos.

Ora, o Paulo, que até teve boa nota no curso de treinador (superado apenas pelo seu adjunto e por dois ou três Antónios Conceições) não percebeu certas nuances da lição, nomeadamente, a matéria do segundo ano da escolaridade obrigatória dos treinadores: quando o adversário dá espaço para se tentar o golo, há que aproveitá-lo; se não dá, há que procurá-lo, utilizando, uma vez por outra, os flancos e velocidade. Infelizmente para o desporto, o Paulo insiste em que, mesmo muito (muito) devagarinho, a sua equipa pode conseguir marcar golos. E julgo que é pelo facto de o Paulo Bento pretender jogar devagarinho ali pelo meio, que até nem faz mal que o Rochemback tenha uns dez quilos a mais, enquanto o Miguel Veloso se fica por uns modestos cinco acima do peso ideal. Paradoxalmente, o Paulo acha que estes jogadores, que são rápidos por natureza e estão evidentemente balofos, devem jogar nos flancos, o primeiro como interior-direito (seja lá o que isso for), o segundo como defesa-esquerdo.

E eu percebo a urgência do defesa-esquerdo. Existem três concorrentes à posição. Um deles é o Caneira, que é feio, dextro e péssimo jogador de futebol, num cômputo geral. Outro (o suposto titular da posição, Grimi) veio do poderoso Milão, seria o sucessor de Paolo Maldini e é um grande jogador, muito embora, e isso é uma pena, cada vez que toque na bola a meta fora das quatro linhas com um chuto forte para a bancada, seja em situação defensiva ou atacante, esteja solto ou apertado. O outro, – bem… - o outro é o Ronny.

PS: A despropósito. Nas declarações ao flash interview pós-Sporting-Leixões, notei algo de estranho. Dois pontos. Primeiro) É contranatura um treinador como o José Mota (ou Mota, vamos relembrar os tempos ridículos da RTP Memória) estar em primeiro no campeonato. Contranatura, e aliás, estúpido. É sinal dos tempos. Quando o José Mota está em primeiro no campeonato, o campeonato tem nome de quê, cerveja? Segundo) Ao fim de quatorze (ou dezanove…) anos, já era tempo dos fashion designers assimilarem nas suas tendências o conjunto fato/ boné colorido. O Zé Mota achei-o despido.


PG

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